Segundo o site https://www.folhape.com.br/noticias: De um modo geral, a análise de professores que resolveram as questões é de que não foi uma prova difícil
Neste domingo, estudantes tiveram de resolver 90 questões de múltipla escolha, divididas em Matemática e suas Tecnologias (45 questões de Matemática) e Ciências da Natureza e suas Tecnologias (45 questões de Biologia, Física e Química).
Professores ouvidos pelo Estadão defendem que uma questão de Física deve ser anulada por falta de alternativa correta.
"A questão da cafeteira elétrica, questão 129 na prova azul, sobre calorimetria apresenta inconsistências nos dados para encontrar uma resposta e calcular o que ele pede", disse Idelfranio Moreira, gerente-executivo de Ensino e Inovações do SAS Educação.
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"A equipe de Física do Curso Anglo identificou que na questão 124 da prova da cor verde do Enem, existe uma falha que é uma falha conceitual. Então, quando você calcula a potência da cafeteira com os dados do enunciado, a gente encontra um valor de 933 watts. Esse valor é acima da potência total fornecida pelo enunciado da cafeteira de 700 watts. Em suma, a questão ela propõe uma máquina cuja potência total é de 700 watts e quando a gente calcula a potência útil de 933 watts é maior do que a potência total, o que fisicamente é impossível", disse o professor de física do Curso Anglo, Madson Molina.
Bruno Sá, professor de Física do Elite Rede de Ensino, é outro que afirma que a questão de Física tem grandes chances de anulação por má formulação. "Na questão que envolve a cafeteira, é colocado que a a cafeteira ferve totalmente os 0,5L de água. Isso dá uma dupla abordagem: considerando que a quantidade de água sofreu apenas mudança de temperatura, chegando à 100 °C, teríamos somente o calor sensível envolvido, encontrando o aproveitamento de 75%. Contudo, a potência da cafeteira (933 W aproximadamente) acaba possuindo um valor maior que a potência total/nominal fornecida (700 W), o que vai contrário aos conceitos físicos", avalia.
Prova não foi difícil
A temática ambiental foi amplamente explorada na parte de Ciências da Natureza. A análise de professores que resolveram as questões é de que não foi uma prova difícil.
Segundo o professor de Biologia Fernando Roma, da Escola SEB Lafaiete, houve um predomínio de questões de ecologia e citologia. "Uma prova sem assuntos polêmicos, mas que trabalhou com temas muito atuais, como sistemas agroflorestais, biorremediação com uso de plantas, que é a chamada fitorremediação (técnica de descontaminação do solo e da água por meio do uso de plantas), e também poluição por microplásticos", explicou.
O professor de Biologia do Colégio e Curso AZ, Hilton Ramalho, relata que o item que abordava o impacto de microplásticos na fauna perguntava em qual tecido a substância se acumulava no organismo animal. "A resposta era que a substância se acumulava no tecido adiposo, já que se tratava de uma substância apolar. É uma questão de nível fácil, pois substância apolar tem afinidade por gordura", explica.
Uma das questões abordava a produção da vacina contra covid-19 a partir da proteína spike, que é uma estrutura existente no SARS-CoV-2, e é responsável por ligar o vírus à célula humana. "A questão falava sobre a produção da vacina e qual o efeito do uso da proteína spike. A resposta explicava que ela é uma proteína específica do vírus e, por isso, estimula a produção de anticorpos contra o vírus", conta o professor.
Na opinião de Joyce Sousa, especialista em avaliações do SAS Educação, na prova de Ciências da Natureza houve prevalência de questões de Biologia. "As questões de Biologia apareceram mais na prova. No total, contei 18 (questões). Contando também questões interdisciplinares de Biologia e Química", disse.
Na prova de Biologia, uma das questões pedia que os estudantes analisassem duas espécies, a cobra coral verdadeira, encontrada na Amazônia, e a coral falsa, do Cerrado.
Os candidatos eram perguntados sobre a vantagem competitiva adquirida pela coral falsa devido a sua semelhança com a verdadeira. "Não teve incidência de temas polêmicos", resumiu Joyce Sousa.
Matemática
Assim como em Ciências da Natureza, a prova de Matemática, na opinião de professores, não teve grau alto de dificuldade.
A professora Joyce de Sousa afirma que a prova não estava conteudista e trouxe problemáticas bem conhecidas pelos estudantes. "A prova de Matemática estava em um nível bem semelhante ao do ano passado. Era uma prova mais fácil, posso apostar que muitos alunos vão tirar nota máxima. Algumas questões estavam desafiadoras, mas o tempo para resolvê-las era compensado por questões muito fáceis", analisa.
De acordo com professores que resolveram a prova neste domingo, a avaliação de Matemática trouxe alguns temas que já tinham sido abordados em edições anteriores. A "Cifra de César", um código utilizado por Júlio Cesar para se comunicar com generais e que já foi abordado em outros exames, apareceu na prova no contexto de uma questão de probabilidade.
"Envolvia interpretação e uso de conhecimento técnico de probabilidade para resolver", explicou Thiago Galrao, professor de Matemática da Plataforma AZ.
O professor Wagner Araujo, coordenador de matemática do Elite Rede de Ensino, explica que, ainda que a prova tenha explorado um novo ângulo, os estudantes podem ter se saído bem. "Pela segunda vez eles abordam o código César no Enem, este ano uma outra abordagem para isso pôde ter trazido conforto aos candidatos que ficaram em resolução de exames anteriores", disse
Professores viram semelhança em uma questão sobre cilindros que, segundo eles, trazia os mesmos números e uma figura muito semelhante à outra questão cobrada no Enem de 2006. "A prova de Matemática seguiu um padrão equilibrado, com um nível de dificuldade que deve favorecer os alunos que mantêm domínio sobre temas básicos e intermediários.
A distribuição dos conteúdos, ainda que equilibrada, incluiu questões que exigiram análise mais criteriosa, como o gráfico da função exponencial. Em síntese, foi uma prova abrangente, cobrindo temas essenciais", disse Sérgio Ghiu, autor e professor do Colégio e Sistema pH.
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