Segundo o site https://gauchazh.clicrbs.com.br: Os casos aconteceram em Três Coroas e Igrejinha, no Vale do Paranhana, e em Alvorada, na Região Metropolitana
Corpo de vendedor de joias de Gravataí foi encontrado na área rural de Igrejinha, em setembro. Na área rural de Três Coroas, um agricultor saiu de casa em julho para a lida diária na lavoura, e nunca mais retornou. O desaparecimento mobilizou familiares, bombeiros e policiais, em buscas por uma área extensa. Mas nenhum sinal do paradeiro dele foi encontrado nos últimos meses. Em Gravataí, um vendedor de joias sumiu, em setembro, após deixar a casa da namorada, e foi encontrado morto horas depois. O corpo dele foi localizado em Igrejinha, no Vale do Paranhana, a 60 quilômetros de casa.Já em Alvorada, o dono de uma academia estava no balcão da recepção, quando foi executado por um atirador que invadiu o local e disparou repetidas vezes. A ação foi flagrada por uma câmera do estabelecimento.
Os três casos ainda desafiam a polícia e chegam ao fim de 2023 sem um desfecho. Confira abaixo o que se sabe até o momento sobre cada um deles. Após o caso ser registrado pela família, a Polícia Civil investigou diferentes possibilidades, entre elas a de que o agricultor tenha se perdido ou mesmo tenha sido acolhido em algum lugar. No entanto, ao longo da apuração, como nenhuma nova informação sobre o paradeiro dele foi descoberta, passou a considerar como mais plausível a de que Selívio tenha se desorientado e não tenha resistido. Nenhum indicativo de que o agricultor tenha sido vítima de crime foi encontrado.
Os agentes fizeram mais de 20 incursões na área onde ele vivia e arredores, com apoio de voluntários que conhecem o terreno e cães treinados pelo Corpo de Bombeiros. A propriedade onde o agricultor vivia com a esposa e a filha caçula, de 10 anos, possui mais de 60 hectares.
— Acredito que ele possa ter se desorientado. A área da mata é enorme. Pode estar em qualquer ponto de cobertura, que faz divisa com Canela e São Francisco de Paula. Fica quase um “grão de areia no deserto” — disse o delegado Ivanir Caliari, responsável pela investigação.
Em agosto, peritos identificaram, com uso de luminol, resquícios de sangue num cômodo da casa e numa carreta utilizada pelo agricultor. No entanto, a polícia não acredita que tenha ocorrido algum crime no local. A suspeita é de que as marcas sejam resultado de algum pequeno acidente.
Além de depoimentos de familiares, vizinhos e outras pessoas que conheciam o agricultor, a polícia buscou outras estratégias, como a quebra do sigilo bancário. A última operação na conta do agricultor ocorreu em 7 de julho, poucos dias antes do desaparecimento, quando houve saque integral do benefício previdenciário. A polícia não encontrou indicativo de uso indevido do cartão dele.
— Tínhamos a intenção de verificar se ele ou outra pessoa estava utilizando o dinheiro da aposentadoria dele, mas nada do gênero foi constatado — explicou o delegado.
Três meses antes, em abril, Selívio já havia desaparecido, e ficou um dia e meio fora de casa. Após a família buscar ajuda, ele foi encontrado caminhando por uma estrada rural. O idoso não tinha diagnóstico de doença que pudesse afetar o comportamento. Mas durante a investigação a polícia ouviu parentes que relataram que ele vinha apresentando desorientação e esquecimentos. A suspeita é de que isso possa ter levado o agricultor a não conseguir retornar para casa. Na comunidade, Selívio é conhecido por ser um homem trabalhador e tranquilo, sem inimigos.
Sem novas pistas, a polícia concluiu o inquérito e encaminhou à Justiça, apontando o desaparecimento e o insucesso nas buscas. Apesar disso, segundo o delegado, qualquer possibilidade de localização que surja continuará sendo averiguada pela polícia e pelos bombeiros, independentemente da investigação ter sido remetida.
Assassinado a 60 quilômetros de casa
Ao entardecer de 13 de setembro, um motorista passava pela localidade de Nova Aurora, nas proximidades da RS-020, em Igrejinha, no Vale do Paranhana, quando deparou com o corpo de um homem nas margens de uma estrada. André Azevedo, 37 anos, havia sido executado com uma sequência de disparos no rosto. O vendedor de joias assassinado residia a cerca de 60 quilômetros dali, em Gravataí, na Região Metropolitana.
Ao longo dos últimos meses, a polícia vem tentando entender o que levou o motorista até aquela localidade. A última vez em que Azevedo teria sido visto por pessoas próximas foi cerca de três horas antes do crime, em Novo Hamburgo. No município do Vale do Sinos, despediu-se da namorada e partiu às 13h40min em seu HB20. Azevedo teria dito que iria a Porto Alegre, onde se encontraria com clientes. Ele trabalhava no ramo de venda de joias havia cerca de 10 anos.
Depois disso, o carro dele passou pela BR-116, dirigiu pela ERS-118 e teve seu último registro vivo gravado por câmera na localidade de Morungava. Divorciado, ele estava residindo na casa que era de sua avó, em bairro periférico de Gravataí. No fim da tarde, o corpo dele foi encontrado já em Igrejinha. O veículo dele só foi achado no dia seguinte, abandonado às margens da RS-020, também em Gravataí. Segundo a perícia, Azevedo teria sido morto dentro do próprio carro, com cinco disparos no rosto. Depois disso, a vítima teve o corpo abandonado na estrada em Igrejinha.
A suspeita da polícia é de que o homem tenha sido "arrebatado" em algum ponto de Gravataí e conduzido para esta área erma onde teve o corpo localizado. O ponto onde Azevedo foi encontrado morto não possui câmeras de videomonitoramento e fica numa região agrícola. A casa mais próxima fica a cerca de 1,5 quilômetro. Junto da vítima, foram encontradas notas de dinheiro, cheques e peças de ouro, material avaliado em cerca de R$ 80 mil. Também havia um paquímetro (instrumento de medição industrial) e um óculos de sol.
A polícia chegou a suspeitar de latrocínio (roubo com morte), mas passou a considerar essa hipótese cada vez menos provável, em razão dos objetos de valor encontrados com ele. Segundo a polícia, ele intermediava negociações de compra e venda de artigos de joalheria, fornecendo matéria-prima para ourives e atendendo a encomendas personalizadas. Além disso, o carro da vítima também foi abandonado. A hipótese de homicídio segue considerada como a mais plausível. Num caso considerado complexo, os investigadores ainda buscam entender o que pode ter motivado a execução do vendedor de joias. Amigos e vizinhos ouvidos ainda declararam à Polícia Civil que nunca souberam de alguma ameaça contra Azevedo, que também não possuía nenhum antecedente criminal. Até agora, ninguém foi preso pelo crime.
Baleado atrás do balcão da recepção
Era por volta de 22h de 25 de outubro, quando um homem com capuz e boné invadiu uma academia em Alvorada, na Região Metropolitana. Com uma arma na mão, atirou repetidas vezes na direção do proprietário do estabelecimento, que tombou no chão e seguiu sendo alvejado. Havia cerca de 15 pessoas no local, e uma aluna que estava treinando chegou a ser ferida, de raspão. Do outro lado do balcão de recepção, o dono, Oseias Rocha, 37 anos, não resistiu aos ferimentos.
O crime aconteceu numa academia localizada na Avenida Getúlio Vargas, no bairro Bela Vista. A ação do criminoso, que durou poucos segundos, foi registrada por uma câmera de segurança do estabelecimento. No vídeo, é possível ver o momento em que o atirador invade o local e começa imediatamente a disparar. Assustadas, algumas pessoas correm na tentativa de escapar dos disparos. Logo depois, o atirador escapa correndo. A aluna ferida foi encaminhada para atendimento num hospital da Região Metropolitana. Já Oseias, que foi alvejado repetidas vezes, morreu no local.
Logo após o crime, os primeiros depoimentos coletados pela polícia indicaram uma suspeita de que a morte possa estar vinculada a dívidas envolvendo agiotagem. Esta ainda é a principal linha apurada pela equipe da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Procurado por GZH nesta semana, o delegado Edimar Machado informou que não se manifestará sobre o caso no momento, em razão de nova orientação da Associação dos Delegados de Polícia do Rio Grande do Sul (Asdep) para que a categoria não conceda entrevistas, como forma pressionar o governo do Estado em relação aos reajustes solicitados. O policial se limitou a confirmar que o caso segue sob investigação, e que ainda aguarda desfecho.
Logo depois do caso, o delegado chegou a afirmar que casos envolvendo execuções vinculadas à agiotagem não são comuns no município. Ainda assim, pelos relatos obtidos, essa se tornou a principal hipótese averiguada pela investigação. Após o crime, a Polícia Civil ouviu testemunhas da execução, além de outros familiares e pessoas próximas da vítima. Além das câmeras de monitoramento, um computador e um celular da vítima foram recolhidos e serão analisados para ajudar na investigação.
Entre os familiares do proprietário da academia, o caso causou perplexidade. De origem humilde, Oseias nasceu em Santa Rosa, no noroeste do Estado. Ainda adolescente, mudou-se para Igrejinha, no Vale do Paranhana, em busca de oportunidades. No município, trabalhou no ramo calçadista e conheceu a futura esposa, Cassiane. Mais tarde, o casal decidiu abrir a academia junto. Os dois estavam casados havia duas décadas e se tornaram pais de dois filhos.
— Ele foi uma ótima pessoa, um ótimo pai, sempre disposto a conversar com todo mundo. Não tem explicação. Não consigo nem assimilar como vai ser daqui para frente — contou a esposa a GZH, logo após o crime.
Colabore
- Informações podem ser repassadas à Polícia Civil ao Disque-Denúncia, no 181 ou pelo WhatsApp (51) 98444-0606.
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