Segundo o site https://www.folhape.com.br/noticias: Ao longo de 2023, 62 trabalhadores humanitários morreram nas crises que abalam o planeta, 84 ficaram feridos e 34 foram sequestrados
Sessenta e dois trabalhadores humanitários já perderam a vida no mundo neste ano, denunciou nesta quinta-feira (17) a ONU, que se prepara para lembrar o 20º aniversário do atentado contra a sua sede em Bagdá, que matou, entre outros, o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, chefe da missão.A ONU celebra anualmente o Dia Mundial Humanitário em 19 de agosto, data do atentado suicida que, em 2003, no contexto da invasão ao Iraque, liderada pelos Estados Unidos, 22 pessoas morreram e 150 ficaram feridas em um hotel onde as Nações Unidas haviam montado seu quartel-general na capital iraquiana, em um dos ataques mais letais contra a organização.
Ao longo de 2023, 62 trabalhadores humanitários morreram nas crises que abalam o planeta, 84 ficaram feridos e 34 foram sequestrados, segundo dados provisórios do relatório "Aid Worker Security Database", da Humanitarian Outcomes.
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No ano passado, 116 das 444 pessoas que foram vítimas de ataques morreram, frente aos 460 registrados em 2021, que deixaram 141 mortos.
O Sudão do Sul é considerado, há vários anos, o país mais inseguro para esta profissão de alto risco. Até 10 de agosto foram registrados 40 ataques contra funcionários do setor humanitário, com 22 trabalhadores mortos, informou o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitário (OCHA). Em segundo lugar, aparece o vizinho do norte, Sudão, com 17 ataques trabalhadores humanitários e 19 vítimas fatais desde o início do ano, um número que não era registrado desde o pior momento do conflito de Darfur, entre 2006 e 2009. Também foram registradas vítimas na República Centro-Africana, Mali, Somália, Ucrânia e Iêmen.
"Os riscos que enfrentamos vão além da compreensão humana", afirmaram as ONGs Médicos do Mundo, Ação contra a Fome e Handicap International em um relatório financiado com ajuda da União Europeia.
Assimetria nos conflitos
O relatório faz recomendações para garantir o respeito ao direito humanitário, incluindo um melhor compartilhamento de dados entre ONGs e grupos de trabalho dirigidos pela ONU.
A cada ano, mais de 90% das vítimas de atentados são cidadãos locais, segundo a Organização Internacional para a Segurança (Inso). "A guerra moderna e a natureza assimétrica dos conflitos contribuíram para essa violência", ressalta o relatório. As ONGs têm dificuldade de financiar os custos relacionados à segurança. “Os doadores deveriam arcar com os custos relacionados à segurança dos nossos funcionários”, disse Frédéric Penard, diretor-geral da Ação contra a Fome.
"A cada ano, morrem no cumprimento do dever quase seis vezes mais trabalhadores humanitários do que os que perderam a vida naquele dia sombrio em Bagdá, e, em sua grande maioria, são trabalhadores humanitários locais", lamentou Martin Griffiths, chefe de Assuntos Humanitários da ONU, para quem "a impunidade relacionada a esses crimes é uma cicatriz" na consciência coletiva.
Apesar dos desafios de segurança e de acesso aos locais, os trabalhadores humanitários iniciaram uma campanha para destacar seu compromisso permanente e ajudar as comunidades.
Diante do aumento das crises no planeta e do crescimento das necessidades humanitárias, a ONU e seus parceiros tentam ajudar quase 250 milhões de pessoas em situação de risco, dez vezes mais do que em 2003, lembra a organização.
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