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No Terminal Integrado de Joana Bezerra, na região central da cidade, quase ninguém se via. A doméstica Messiana Maria Gomes, 47 anos, mora em São Lourenço da Mata e trabalha em Boa Viagem. Ao saber da paralisação, ainda na terça (25), dormiu no trabalho. Mas, ao voltar para casa, nesta quarta (26), havia saído às 15h do trabalho e às 17h30, ainda estava no TI. Apesar da longa espera, apoia a paralisação.
“Eu acho justa a greve, só que eles não estão sabendo fazer. Se eles querem realmente fazer greve, pega o ônibus, abre a porta pra todo mundo entrar de graça, vai e volta. Aí eles (empresas) vão sentir no bolso, e eles (funcionários/motoristas) vão chegar aonde eles querem”, disse.
Na Conde da Boa Vista, a habitual maior concentração de comércio (formal e ambulante), assim como o movimento no shopping, parecia trazer mais gente às ruas, mas muito menos do que o comum. O porteiro Otávio Augusto Santos, 41 anos, sai todos os dias de bicicleta, do Pacheco, no limite com Jaboatão dos Guararapes, para o bairro da Boa Vista, no Centro do Recife. No véspera da paralisação, deu azar: a bike quebrou. Nem metrô, nem ônibus.
“Eu vim de uber, com minha esposa. Deu R$ 45, aí já coçou o bolso, né? Agora, voltando, eu vou de ônibus mesmo, porque não dá, não”, lamentava Otávio, que já aguardava o Vila Dois Carneiros há 40 minutos, na esperança de que – de acordo com o aplicativo – o veículo chegaria dali a pouco tempo.
Dos locais visitados pela Folha, o Terminal Integrado da Macaxeira era o mais movimentado. Mas também não chegava perto do que costuma ser nos dias úteis. A comerciante Nalva Pereira, 56 anos, estava lá, aguardando o TI Macaxeira/Encruzilhada. Ela saiu de casa, no Alto do Mandu, por volta das 10h, para ir a uma consulta médica no Hospital Eduardo Campos, no Caçote, Zona Oeste do Recife. Foi de mototáxi. “Se não, como é que eu ia chegar lá, se os ônibus estão passando de uma em uma hora?”. Na volta, saiu da unidade de saúde às 17h, já eram quase 20h e ela ainda estava no TI. “Eu acho um absurdo isso”, falou sobre a paralisação, “mas eu acho que tem que ver o outro lado também… o salário deles (motoristas)”, continuou. “Mas, no final das contas, quem sofre é a gente, né? Os trabalhadores. Fazer o que, né, se a gente tá no Brasil?”
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