Segundo o site https://www.folhape.com.br/noticias: José Neto trabalha há 19 anos no Samu, sendo os quatro últimos no Jaboatão dos Guararapes
Depois de ter vivenciado, na última quarta-feira (19), mais um episódio de violência durante o seu trabalho no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), o condutor José Neto, de 38 anos, decidiu por abandonar o turno da madrugada e readequar a sua rotina profissional.Ele trabalha no Samu há 19 anos, sendo os quatro últimos no município do Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife (RMR). Além de vidas salvas, ele também acumula episódios de riscos nesse período.
O último aconteceu nas primeiras horas da quarta-feira (19), quando foi surpreendido, junto a um técnico de enfermagem, por um homem armado que bateu com seu carro na ambulância de forma proposital e ainda tentou roubar o veículo, mas foi impedido por um atolamento. A mulher que fez o chamado ao Samu também foi agredida por ele.
“Não é a primeira vez, já entrei até num tiroteio em uma comunidade, mas essa foi bem mais grave. Não sei se ele estava bêbado ou drogado, mas nos agrediu com palavras e eu não quis revidar. Ele a agrediu com socos e botou a arma em cima dela, o irmão dele quem retirou ele”, disse.
“Vou mudar de horário, não tenho mais coragem de trabalhar à noite, mesmo depois de 19 anos”, afirmou. A prioridade do atendimento médico foi mantida, apesar do susto.
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“Eu me escondi numa rua e o técnico (de enfermagem) em outra. Eu tava só imaginando se tivéssemos colocado o paciente dentro da viatura e ele tivesse vindo”, pontuou.
Mas uma possível transferência até uma unidade de saúde, para suporte e monitoramento mais completos, não pôde existir.
“Prosseguimos com o atendimento na casa do paciente, mas não poderíamos remover por causa da viatura danificada. A gente conseguiu ir na casa dele mesmo assim, mas com medo do ocorrido. Ele também ficou com medo e não quis ser removido, a família optou por deixar em casa, mas já estava normal e estável”, assegurou. Por conta de atitudes como essa durante a jornada de trabalho, o condutor revelou que já chegou a fazer uso de remédios calmantes. Ele também garantiu a ausência de segurança para si e seus colegas.
“Temos que ir, porque não podemos deixar de prestar atendimento, mas é uma situação vulnerável para nós, porque não temos segurança nenhuma”, disse o homem.
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