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A doença da urina preta identificada em paciente do Recife é contagiosa? Veja o que se sabe

12 de maio de 2023

/ by visao surubim

Segundo o site https://www.folhape.com.br/noticias: Chefe da triagem de Doenças infecciosas do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, Filipe Prohaska, fala sobre o assunto

A identificação de um homem de 58 anos internado no Recife com a síndrome de Haff  - conhecida como doença da urina preta - desperta não só preocupações das autoridades de saúde, como dos próprios consumidores de pescados, apontados como a origem de uma toxina que provoca a doença. O paciente, que ingeriu um peixe da espécie budião, não foi o único a apresentar este quadro de saúde grave, com outros casos diagnosticados no Nordeste apontados em estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), especialmente na Bahia. A situação levanta uma pergunta: até que ponto, afinal, é seguro consumir pescado sem riscos? A doença é contagiosa?                                                                                    Patologia

Ainda que rara, a síndrome é considerada emergente. Em primeiro lugar, contudo, é importante saber: a patologia não é causada por agentes biológicos, como os vírus, bactérias ou parasitas. Não se trata de uma infecção e não é contagiosa. 

Água doce e salgada

Segundo informações divulgadas pela Fiocruz, ao ingerir o pescado infectado de água doce ou salgada, uma toxina presente destrói fibras musculares e libera elementos no sangue, causando danos no sistema muscular e em órgãos como os rins, podendo levar à falência renal e cardíaca e, em casos graves, à morte. 

Os peixes

A magnitude da doença no País ainda é desconhecida, mas há relatos de casos há mais de 15 anos, primeiramente no Amazonas, tendo outros registros na Bahia, especialmente, e no Ceará. Chama a atenção o aumento agudo dos casos entre 2020 e 2021, quando foram relatados mais de 200 nas regiões Norte e Nordeste, com dois óbitos. Alguns peixes foram identificados em estudos pelo Ministério da Saúde como o tambaqui, pirapitinga, arabaiana (Olho de Boi), badejo e pacu manteiga. O budião, de água salgada, não aparecia até agora.                                    A urina preta

Chefe da triagem de Doenças infecciosas do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, da Universidade de Pernambuco, Filipe Prohaska, explica por que a urina fica escura.

“A toxina destrói a estrutura muscular. É muito comum você ter a astenia, o cansaço. A perda de massa muscular é muito rápida e essa lesão muscular leva ao que a gente chama de rabdomiólise, que começa a atacar o rim, por concentrar essa proteína muscular, e vai fazendo com que o ritmo sobrecarregue e pare. Essa mioglobina, que é da estrutura da morte do músculo, escurece a urina e vai fechando o rim até ele parar de funcionar”. É justamente esse quadro que leva à necessidade de hemodiálise.                                                                                                    Embora a doença da urina preta preocupe autoridades de saúde no Brasil, ela ainda não tem uma causa definida.

“Há muitas teorias sobre a origem e duas principais vertentes: uma acha que algum tipo de alga que o peixe possa se alimentar, acaba contaminando a sua carne e, consequentemente, contamina a pessoa. A outra teoria é que o condicionamento inadequado do peixe, que pode ser armazenado em locais sem temperatura adequada”, disse Filipe Prohaska.

Hidratação

Segundo o renomado infectologista, é importante que os consumidores fiquem atentos ao comprar peixes ou outros tipos de pescado que não estejam condicionados de forma correta, especialmente nos períodos mais quentes do ano. O médico acrescentou que o principal tratamento do paciente envolve a hidratação. “O tratamento para a síndrome de Haff basicamente é hidratação vigorosa. Você tem que hidratar para diluir (a toxina) e fazer com que ela saia do organismo o mais rápido possível. A principal via de retirada é pela urina”.

Histórico
A doença de Haff tem chamado a atenção das autoridades de saúde em todo o mundo. Descrita pela primeira vez em 1924, na região do Báltico, na Prússia e na Suécia, a doença foi relacionada ao consumo de diferentes peixes de água doce cozidos.  Desde então, diversos países como os Estados Unidos e a China também relataram casos da doença associados à ingestão de peixes e lagostins. 

       

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