O suspeito é primo de Carina Ramos, mulher de Ana Flávia Gonçalves. As duas cumprem prisão temporária sob suspeita de matar Flaviana Gonçalves, de 40 anos, Romuyuki Gonçalves, de 43 anos, e seu filho mais novo, Juan Gonçalves de 15. Ana Flávia é a filha mais velha do casal. As duas negam o crime.
Segundo o depoimento do suspeito, a ideia do trio era roubar jóias e dinheiro do cofre da casa. O pai e o adolescente estavam em casa, no condomínio de Santo André, com a irmã e a esposa dela quando três suspeitos chegaram e anunciaram o assalto.
Carina teria sido a primeira a ser rendida. Os homens exigiam valores. Pai e filho foram levados para o quarto do adolescente. De acordo com o relato do suspeito, os dois foram espancados e torturados enquanto Ana Flávia e Carina ficaram no andar de baixo da casa.
O suspeito revelou à polícia que os dois foram mortos asfixiados depois de apanhar. Já a mãe chegou à casa mais tarde e foi vendada. Como o cofre estava vazio e o dinheiro recebido por Romuyuki não estava na residência, houve uma conversa entre os suspeitos. Naquele momento, segundo a versão do suspeito, as duas autorizaram a morte de toda a família.
Flaviana então entra no Jeep da família, dirigido por Carina. Ela não foi morta em casa, mas tiros foram ouvidos antes de o carro ser abandonado em uma estrada de terra de São Bernardo do Campo. Na sequência, o veículo foi incendiado. Os três corpos foram encontrados carbonizados no dia 29.
Nesta terça-feira (4) um casal foi levado para audiência de custódia suspeitos de envolvimento no crime porque na casa dele foram encontrados objetos roubados da família morta. Na audiência, no entanto, apenas o homem foi mantido preso.
O caso
Três corpos carbonizados foram encontrados dentro de um Jeep Compass em uma área de mata na Estrada do Montanhão, área de mata em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, na madrugada de terça-feira (28). Quando as equipes da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros chegaram ao local, o veículo ainda estava pegando fogo.
A filha mais velha do casal, Ana Flávia Gonçalves, de 24 anos, e a mulher dela, Carina Ramos, de 31, tiveram prisão temporária de 30 dias decretada na noite de quarta-feira (29). A polícia justificou o pedido de prisão alegando contradições no depoimento do casal.
De acordo com a polícia, as suspeitas mencionaram que a família tinha uma dívida com um agiota e que Flaviana teria saído de casa de madrugada para realizar o pagamento e depois seguiria para Minas Gerais. A presença do adolescente no carro, porém, fez a polícia desconfiar da versão. A Polícia Civil já tinha como uma das linhas de apuração uma possível briga familiar. Os pais, segundo os investigadores, não aceitavam o relacionamento da filha com outra mulher.
Investigação
Na primeira visita da polícia à casa onde a família morava, em um condomínio de Santo André, os agentes encontraram o imóvel revirado, além de marcas de sangue pelos cômodos. Os investigadores consideraram estranho a residência estar nestas condições, pois não havia sinais de arrombamento. Do local foram roubados eletrodomésticos, cerca de R$ 8 mil, dólares, joias e uma arma.
De acordo com a perícia, litros de água sanitária e manchas de sangue foram encontrados no quarto do adolescente. Também foram localizadas manchas de sangue em peças de roupa de Ana Flávia, a filha.
Um laudo preliminar da polícia apontou que, antes de terem seus corpos carbonizados, as três vítimas morreram com pauladas na cabeça. Como todos os golpes foram do lado direito, a suspeita é de que o autor seja canhoto. Uma testemunha que está sendo preservada contou aos policiais que ouviu barulhos estranhos vindos da casa onde as vítimas moravam, em Santo André.
Uma testemunha revelou que viu um homem de cerca de 1,90 m de altura, junto com as duas suspeitas, na noite do crime, carregando algo pesado para o carro. A investigação quer saber se seriam os corpos das vítimas, já mortas na casa.
Câmeras
As suspeitas sobre a filha ganharam força depois de as imagens da câmera de segurança mostrarem que ela e a mulher estavam na casa na noite do crime. Por diversas vezes, as duas foram flagradas manobrando os carros da família. O carro de Ana Flávia e Carina também é visto entrando e saindo do local várias vezes. Em depoimento à polícia, Carina, que chegou às 20h ao local, alegou ter entrado por volta das 22h. Câmeras mostram que ela usava um casaco com capuz, mesmo fazendo calor, o que também gerou desconfiança da polícia.
Quando o veículo da família deixa o condomínio, por volta de 1h, o carro de Carina e Ana Flávia sai na frente. Duas horas depois, os corpos de Flaviana, Romuyuki e Juan são encontrados.
Segundo a polícia, ao serem questionadas para onde seguiram após deixarem o condomínio, cada uma das suspeitas disse que se dirigiram a lugar diferente. A polícia vai pedir a quebra do sigilo telefônico das duas mulheres para analisar sua troca de mensagens.
Lucas Domingos, advogado do casal, nega qualquer tipo de participação das duas com o crime e diz que não ter certeza se há contradições em seus depoimentos. Imagens de câmeras de segurança do condomínio mostram o momento da saída do Jeep que, mais tarde, seria encontrado com os três mortos.
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