TEERÃ — Um tumulto no funeral do general iraniano Qassem Soleimani, morto na última sexta-feira (noite de quinta-feira no Brasil) por um míssil americano, deixou ao menos 56 mortos e 213 feridos, segundo o chefe dos Serviços de Emergência do Irã, Hossein Kolivand. De acordo com a agência de notícias estatal Fars, 35 homens e 21 mulheres morreram em decorrência da superlotação no cortejo fúnebre.
O corpo de Soleimani chegou nesta terça-feira a sua cidade natal, Kerman, onde será enterrado. O enterro foi adiado em razão das mortes, mas acabou ocorrendo por volta de 12h30 no Brasil (20h no Irã). O rito fúnebre de quatro dias levou centenas de milhares de pessoas para as ruas e já é considerado o maior da História do país, ultrapassando as cerimônias de 1989 em homenagem ao aiatolá Ruhollah Khomeini, líder da Revolução Iraniana de 1979.
Não se sabe o que ocasionou o tumulto, mas imagens de canais de televisão locais mostravam muitas pessoas no chão — muitas delas com os rostos cobertos por máscaras e jaquetas.
Antes da confusão, o rito fúnebre transcorria normalmente, com a presença de figuras importantes da política iraniana como o chanceler Mohammad Javad Zarif. Como na cerimônia liderada pelo aiatolá Ali Khamenei que ocorreu na segunda-feira em Teerã, o tom da multidão e daqueles que discursavam era uníssono em um pedido de vingança pela morte de Soleimani.
SBT Jornalismo
— O mártir Qassem Soleimani é mais poderoso — disse o comandante da Guarda Revolucionária do Irã, o general Hossein Salami, ameaçando "incendiar" os interesses americanos na região. — O inimigo o matou injustamente. Soleimani dirigia as Forças Quds, unidade de elite da Guarda Revolucionária, responsáveis pela articulação de grupos pró-Irã em países como Síria e Iraque.
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Al-Muhandis é velado
Enquanto isso, cerca de 30 mil pessoas tomaram as ruas de Basra, no Iraque, para receber o corpo de Abu Mahdi al-Muhandis, vice-comandante das Forças de Mobilização Popular (FMP), morto no mesmo ataque americano no aeroporto internacional de Bagdá. Al-Muhandis havia ido receber Soleimani no aeroporto, e o carro que os levava foi atingido por um míssil americano quando deixava o local.
As FMP são uma coalizão de milícias xiitas iraquianas pró-Irã formadas em 2014 para combater o Estado Islâmico no Iraque e depois foram incorporadas às forças de segurança do país.
Até segunda-feira, o corpo do comandante também era velado no cortejo para Soleimani, que percorreu diversas cidades sagradas para muçulmanos xiitas no Irã e no Iraque. Sua morte, segundo analistas, deverá se traduzir em dificuldades para Teerã controlar suas milícias em território iraquiano.
A previsão é que após o cortejo, o corpo do comandante siga para a cidade sagrada de Najaf, onde será enterrado após um cortejo final.
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