“Trata-se de uma desigualdade persistente que só pode ser explicada pelo racismo estrutural. Por um lado, ele se expressa no preconceito racial. Por outro, no maior capital social dos brancos: o famoso ‘quem indica’ de um branco é outro branco que está em um cargo alto”, afirma Renato Meirelles, presidente do Locomotiva, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo. Como exemplo para essa realidade, Daniel Teixeira, do Ceert (Centro de Estudos de Trabalho e Desigualdades), fala que muitas empresas ainda não incorporaram a questão racial em seus programas de diversidade. “A regra no Brasil é enxergar a questão racial como o patinho feio da pauta da diversidade. Algo que pode ser deixado para depois”, comenta. Para Teixeira, o foco acabou se voltando para as pessoas com deficiência, por conta de cotas estabelecidas pela lei 8.213/91, e mulheres.
Enquanto isso, o percentual de funcionários negros continua sendo desproporcional com a representatividade na população brasileira: segundo dados do IBGE, 56% dos brasileiros se autodeclaram pretos ou pardos. Segundo o Instituto Locomotiva, a falta de oportunidades leva muitos negros ao empreendedorismo de necessidade. Cálculos do instituto a partir da Pnad apontam que empreendedores negros são maioria no país (52%). Enquanto 25% dos brasileiros desejam abrir o próprio negócio, entre pessoas negras o índice é de 33%.
Nenhum comentário
Postar um comentário