A história oficial, onde só aparecemos como escravos, leva a episódios como a manifestação aberta de racismo em uma disputa esportiva entre atletas universitários, em Petrópolis, onde determinados estudantes da PUC-RIO jogaram casca de banana e imitaram macacos ao se referirem aos atletas e estudantes negros da UERJ, UFF e UCP.
Uma leitura distorcida da história oficial sobre a escravidão só alimenta essa cultura do ódio. Racismo é crime e temos elementos não somente para denunciar como para criminalizar na medida em que uma estudante chegou a debochar: "Olha o meu rosto, você acha mesmo que eu vou ser presa?"
A elite brasileira nunca abandonou a sua tradição escravocrata e diariamente pratica o seu preconceito racial, especialmente quando a população negra acende socialmente. Assistimos isso quando houve a legítima ação afirmativa que assegurou a conquista do direito de cotas nas universidades, cujo território era, até então, sagrado da elite branca. E foi justamente a UERJ, uma das primeiras universidades a adotar a política de cotas, implementada em 2002, quando eu estava governadora do Estado, que assistiu uma agressão direta de racismo.
Ao abrirem caminhos institucionais e sociais para a diminuição da absurda desigualdade racial deparamo-nos com o ódio racial militante nas classes médias. Esse episódio de Petrópolis é parte desse processo mais profundo.
Sabemos que a cada avanço contra as desigualdades sociais, raciais e de gênero se levantam fortes reações conservadoras que acabam por impor o retrocesso político no país e escancarando o racismo das elites.
Pelas manifestações racistas de seus alunos, em Petrópolis, a PUC-Rio foi desclassificada do torneio pela Liga Jurídica Estadual, que organiza os Jogos Jurídicos Estaduais. A derrota sofrida nos traz muitas lições, entre as quais destaco: a estreita ligação entre o combate ao racismo e a defesa e ampliação da democracia.
Toda luta de identidade precisa do oxigênio da mais ampla democracia para conseguir afirmar seus espaços de poder e seus valores ideológicos. A democracia, e falo aqui da democracia radical, a que chega na base popular, é a luta por ela própria e da união de todos os movimentos indentitários, onde podemos destacar a luta contra o racismo, pois essa luta é de todos e todas nós.
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