No conjunto, as contas inativas do FGTS têm um saldo total da ordem de R$ 40 bilhões. A expectativa da equipe econômica é que a permissão para o saque vá injetar na economia R$ 30 bilhões, por conta do limite do saque e do saldo existente. Os recursos depositados no Fundo são corrigidos em 3% mais a Taxa Referencial (TR) ao ano. O valor é bem inferior à remuneração de investimentos mais conservadores, aí incluída a caderneta de poupança. Isso significa que os trabalhadores ficam com o dinheiro “preso” com um rendimento baixo, o que é ruim em um momento em que a população está endividada e a inflação continua elevada.
A medida faz parte do pacote de estímulo à atividade econômica e será anunciada hoje pelo presidente Michel Temer junto com a minirreforma trabalhista — que o governo decidiu implementar via medida provisória (MP). O texto vai transformar o Programa de Proteção ao Emprego (PPE, que terminaria este mês) em um sistema permanente, que terá um novo nome: Programa de Seguro-Emprego (PSE). A proposta vai permitir ainda que o combinado entre empresas e sindicato de trabalhadores em acordos e convenções coletivas prevaleça sobre a legislação. Mas só em itens já negociados atualmente entre as partes, conforme antecipou o GLOBO.
A permissão para o saque nas contas inativas deverá vir em uma MP à parte. De acordo com dados do balanço do FGTS, em 2015, o saldo médio das contas ativas e inativas foi de R$ 2.398,11. As contas com até quatro salários mínimos representavam, à época, 84,90% do total. No entanto, considerando seu saldo, elas significavam apenas 16,7% de um total de R$ 338,8 bilhões.
Inicialmente, o governo chegou a cogitar a permissão de saque das contas ativas, com a finalidade de quitar dívidas. Mas a proposta foi alvo de críticas, especialmente do setor de construção civil, já que os recursos do Fundo são usados no financiamento de moradias. Segundo uma fonte da equipe econômica, o saque das contas inativas traz menos riscos para o FGTS porque não abre precedentes para novas retiradas. A lei que criou o Fundo limita as possibilidades de saque — demissões sem justa causa, aposentadoria, compra da casa própria e doença grave — justamente para preservar os recursos dos trabalhadores. Há no Congresso uma infinidade de projetos que visam a permitir a retirada dos recursos para as mais variadas finalidades.
— Juridicamente, é mais seguro para o FGTS limitar os saques às contas inativas — disse um ministro.
Segundo dados do balanço do Fundo referente a 2015, os saques totalizaram R$ 99,1 bilhões no ano passado. Os principais motivos das retiradas foram demissões sem justa causa, no valor total de R$ 65 bilhões; aposentadoria, R$ 12 bilhões; moradia, R$ 13 bilhões; inatividade da conta, R$ 1,3 bilhão; e doenças graves, R$ 810,4 milhões.
IMPACTO EM HABITAÇÃO E SANEAMENTO
Segundo um integrante do Conselho Curador do FGTS, a medida terá impacto nos investimentos em habitação, saneamento e infraestrutura. Isso porque, mesmo com um valor limitado, os R$ 40 bilhões das contas inativas integram as disponibilidades do Fundo, de onde o governo retira subsídios do programa Minha Casa Minha Vida. Nos próximos quatro anos (2017-2020), a previsão é investir nessas áreas R$ 331 bilhões. O orçamento foi aprovado pelo Conselho Curador em outubro deste ano e não considerou saques excepcionais, como os que serão autorizados.
A MP com as medidas na área trabalhista será assinada em uma cerimônia no Planalto, com a presença das centrais sindicais. Lideradas pela Força Sindical, elas deram o aval à prevalência do acordado sobre o legislado. Para convencer os sindicalistas, a medida será acompanhada da criação de comitês sindicais no local da empresa, e os dirigentes terão de ter estabilidade no emprego.
— O reconhecimento da representação sindical na empresa fortalece a negociação coletiva e vai ajudar a reduzir a judicialização — disse João Carlos Gonçalves, o Juruna, da Força Sindical. Saldo do FGTS em contas inativas pode ser consultado na internet
Site e aplicativo da Caixa informam valores, inclusive os que estão sem movimentaçãoRIO - O saldo do FGTS pode ser verificado pela internet. Para checar quanto tem na conta, o trabalhador deve informar, no site da Caixa, o Número de Identificação do Trabalhador (NIS), encontrado na carteira de trabalho, e a chamada Senha Cidadão — que pode ser cadastrada também pela internet. Além de saber quanto tem acumulado no Fundo, é possível acompanhar a movimentação da conta, desde o primeiro depósito.
Dados como CPF, identidade, nome da mãe, data de nascimento e título de eleitor também precisam ser preenchidos.
As informações também podem ser verificadas pelo celular. Esse acesso pode ser feito de duas formas. Para smartphones, há aplicativos do FGTS disponíveis para Android e iOS, pelos quais é possível verificar o saldo, como em uma ferramenta de internet banking.
Há ainda uma opção de se manter atualizado sobre as movimentações na conta por meio de informes via mensagem de texto (SMS). Caso opte por esse tipo de acompanhamento, o trabalhador deixa de receber extratos bimestrais do FGTS.
Para estimular a economia, o governo permitiu o saque total das contas inativas do FGTS. São consideradas contas inativas aquelas que estão sem receber depósitos.
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